quinta-feira, 10 de março de 2016

Mata Atlântica

              Mata Atlântica                       

Mata Atlântica é um bioma de floresta tropical que abrange a costa leste, sudeste e sul do Brasil, leste do Paraguai e a província de Misiones, na Argentina. Seus processos ecológicos evoluíram a partir do Eoceno, quando os continentes eram relativamente dispostos como estão hoje. A região é ocupada por seres humanos há mais de 10 000 anos. A partir da colonização europeia, e principalmente, no século XX, a Mata Atlântica passou por intenso desmatamento, restando menos de 10% da cobertura vegetal original.
É um grande centro de endemismo e suas formações vegetais são extremamente heterogêneas, indo desde campos abertos em regiões montanhosas até florestas chuvosas perenes nas terras baixas do litoral. A fauna abriga diversas espécies endêmicas, e muitas são carismáticas, como o mico-leão-dourado e a onça-pintada. O WWF dividiu a Mata Atlântica em 15 ecorregiões, visando manter ações mais regionalizadas na conservação, já que o grau de desmatamento e as ações conservacionistas são específicas para cada região abrangida pelo bioma.
Atualmente, menos de 10% da cobertura original existe, a maior parte em pequenos fragmentos de floresta secundária. No Brasil, restam cerca de 7% (a maior parte na Serra do Mar), no Paraguai, cerca de 15% e na Argentina, 45% da vegetação. Na conservação da Mata Atlântica brasileira, a criação de dois corredores ecológicos ligando os principais remanescentes de floresta no sul da Bahia e norte do Espírito Santo (Corredor Central) e os fragmentos na região da Serra do Mar e da Serra dos Órgãos (Corredor da Serra Mar) são de suma importância na conservação da biodiversidade. Os remanescentes do Paraguai e Argentina fazem parte de uma estratégia trinacional de conservação, com a criação de corredores unindo as principais unidades de conservação desses países e outras quatro unidades de conservação do Brasil. Na Argentina, restam cerca de 10 000 km², o que representa o maior trecho contínuo de "Mata Atlântica do Interior". A Lei do Corredor Verde é uma tentativa de resguardar legalmente esses trechos de floresta na Argentina.[4] No Paraguai, o desmatamento se deu principalmente a partir da década de 1990 e as unidades de conservação são poucas e na maior parte particulares. Apesar do alto grau de desmatamento, a região da Mata Atlântica é a que mais possui unidades de conservação na América Latina, apesar de muitas serem pequenas e insuficientes.                   
 

História do desmatamento

A história da Mata Atlântica tem seu início há 50 milhões de anos, quando o continente sul-americano já era uma massa de terra isolada e suas formas de vida passaram a evoluir localmente, sem transtornos geológicos adicionais. Ao longo desse tempo, no período Quaternário, a floresta passou por períodos de fragmentações e expansões, em decorrências das inúmeras eras Glaciais que ocorreram durante esse período[6] . Nos períodos em que o planeta se encontrava com temperaturas mais baixas, os refúgios eram centros em que a biodiversidade florestal evoluía de forma isolada. Essa hipótese pode explicar a enorme diversidade desse bioma, tal como seu alto grau de endemismo[6] . É notável que exatamente o sul da Bahia, norte do Espírito Santo e litoral de Pernambuco são centros de endemismo na Mata Atlântica e os registros de pólen demonstram que tais regiões eram refúgios no final do Pleistoceno.[7] Concomitante a relativa estabilidade no nordeste brasileiro, havia uma instabilidade climática à sudeste, embora isso parece não ter evitado endemismo de alguns táxons de anfíbios amplamente distribuídos.[7] [8] Essa instabilidade climática no sudeste e sul do Brasil tinha como consequência o surgimento de outras fitofisionomias que não eram florestadas: estudos paleoclimáticos utilizando pólendemonstram que o sudeste e sul passaram por inúmero momentos em que as florestas eram substituídas por formações abertas, como pradarias.[9] Mais especificamente, a Mata de Araucária, chegou a ocorrer até a latitudes em torno de 19º (muito ao norte do que ocorre atualmente) durante as glaciações, sendo substituída pela floresta estacional semidecidual há cerca de 10.000 anos, quando o clima voltou a ficar mais quente.
A primeira leva de colonizadores humanos na região da Mata Atlântica ocorreu há aproximadamente 8 a 10 mil anos atrás, como evidenciado por achados arqueológicos em Lagoa SantaMinas Gerais. Esses colonizadores já impactaram o ambiente com atividades agricultoras itinerantes (atividades agrícolas em sistemas agroflorestais, baseado em queimada e derrubada, principalmente do sub-bosque) após sua chegada, principalmente em regiões em que as queimadas para o cultivo eram mais frequentes, ocorrendo savanização . Existe a hipótese de que os pampas surgiram decorrente das intensas queimadas provocadas por povos indígenas, já que vestígios mostram que a região era florestada há cerca de 5 mil anos. É provável que toda a mata da baixada litorânea tivesse sido, pelo menos uma vez, modificada para o cultivo pelos Tupis. É interessante que uma das fitofisionomias mais conhecidas, a Mata de Araucária atual, pode ter surgido decorrente do manejo feito por agricultores itinerantes da Araucaria angustifolia . Também, a agricultura itinerante é praticada até hoje por vários grupos caiçaras e quilombolas do litoral doRio de Janeiro e São Paulo.


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